O Voo à Vela

Tanto o planador como o avião com motor usam os mesmos princípios aerodinâmicos.

Ambos geram nas suas asas a força de sustentação de que necessitam para poderem voar, mercê do sistema de propulsão de que dispõem para lhes imprimir movimento.

O que os diferencia está unicamente no modo em como obtêm o movimento pois, enquanto um usa o motor, o outro - o planador, aproveita a força da gravidade e a forma aerodinâmica das suas asas.

Observe-se a figura: em voo normal, a planar, existem quatro forças em permanente equilíbrio. O mesmo se verifica no avião.

O peso do planador está representado pela força "Mg". Uma vez que o voo planado é feito a um dado ângulo de descida "0", é gerada a força de sustentação "L"; a força que representa o peso do planador é decomposta em "WL" oposta mas igual a "L" e a força "WT" que representa a força de tracção que é igual e oposta à força da resistência total à deslocação do planador "D", não representada na figura.

 Voar à Vela

Uma vez que o planador para voar tem de estar sempre a descer, pergunta-se: como é possível terem-se realizados voos com mais de 2400 km de distância em onze horas a cerca de 160 Km/h ou ainda voos a 16 km de altitude?

A resposta está no aproveitamento dos fenómenos da natureza. O aquecimento desigual do nosso planeta pelo Sol gera currentes de ar ascendente que podem ser aproveitadas tanto pelos planadores como pelas aves, proporcionando-lhes voos com duração de horas.

Os três tipos de ascendentes mais comuns são:

Ascendente Térmica -  tipo mais comum para voar à vela. São massas de ar quente geradas pelo aquecimento do solo que sobem em forma de bolhas ou coluna. Por vezes, a humidade que transportam pode dar origem a formação de núvens do tipo “Cumulos”.
Voando em círculos dentro destas massas de ar ascendente, e “saltando” de térmica em térmica, podem efectuar-se percursos com centenas de  quilómetros.

Ascendente de montanha - é outra forma do ar subir na atmosfera. Neste caso, o vento ao soprar contra a encosta da montanha ou cordilheira é forçado a subí-la. Se a encosta for a ideal e a cordilheira suficientemente longa, pode igualmente voar-se centenas de quilómetros.

Ascendente de Onda - é outro tipo de ascendente usada em voo à vela. Um vento forte em condições especiais, soprando contra uma encosta, gera um movimento ondulatório que por sua vez produz correntes ascendentes com uma razão de subida de alguns metros por segundo até altitudes de mais de 15000 metros.